De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é uma das principais causas de morte em nível global. Aproximadamente um terço dos óbitos pela doença se deve ao tabagismo, alto índice de massa corporal, consumo de álcool, baixo consumo de frutas e vegetais e falta de atividade física. Dados da International Agency for Research on Cancer (IARC) indicam que, a cada ano, mais de 430 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de rim e quase 180 mil morrem por causa da doença no mundo.
Segundo a médica oncologista Ana Paula Cardoso, especialista em tumores urológicos, o câncer renal costuma ser silencioso e, quando apresenta sinais, geralmente já está em estágio avançado. “Alguns dos principais sintomas são sangue na urina, dor lombar e aumento de volume abdominal”, pontua.
A obesidade, as doenças renais crônicas, a exposição ocupacional a solventes e produtos químicos estão associados ao aumento dos casos da doença. Além disso, fatores genéticos podem ser responsáveis por 5% a 8% dos casos. Também fazem parte dos fatores de risco o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool e de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar.
“No entanto, o principal fator de risco para a doença é o tabagismo, que também afeta diferentemente o tratamento da doença”, alerta a médica. O câncer renal é duas vezes mais comum em homens do que em mulheres. Geralmente, a doença ocorre entre 60 e 70 anos em ambos os sexos, embora também possa acometer pessoas mais jovens.
Descobertas acidentais
Por ser uma doença silenciosa, muitas vezes o diagnóstico é feito através de exames de imagem, como ultrassom abdominal e tomografia de abdômen, solicitados por outros motivos. “Na maioria das vezes, o diagnóstico é feito de forma proativa em casos mais avançados, quando surgem sintomas como sangue na urina, dor lombar persistente e aumento do volume abdominal”, explica a oncologista.
Atualmente, existem tratamentos que aumentam significativamente as chances de cura e melhoram a qualidade de vida dos pacientes, especialmente daqueles com doença metastática. Entre as opções disponíveis, destacam-se as terapias-alvo, que bloqueiam o crescimento do tumor; os inibidores da via mTOR, que atuam em um caminho celular responsável pelo crescimento e divisão das células tumorais; e os imunoterápicos (inibidores de checkpoint imunológico), que estimulam o sistema imunológico a reconhecer e atacar as células cancerígenas.
Entre as opções de terapia-alvo existe o cabozantinibe, que está no grupo de medicamentos inibidores de tirosina quinase (TKIs). Esses medicamentos bloqueiam as enzimas tirosina quinases que ajudam as células cancerígenas a crescer, se multiplicar e formar novos vasos sanguíneos. Essa terapia se diferencia dos outros inibidores TKIs por atuar em múltiplas tirosinas quinases ao mesmo tempo.
De acordo com a especialista, além de a terapia reduzir o suprimento de sangue do tumor, também bloqueia outras vias que ajudam as células cancerígenas a crescer e se espalhar. “Por isso, o tratamento pode ser mais eficaz em alguns casos, especialmente quando a doença já avançou ou quando outros tratamentos deixaram de funcionar”, acentua.
Vida saudável é essencial
A adoção de hábitos saudáveis como parar de fumar e não ingerir álcool em excesso, manter um peso adequado, praticar atividade física regularmente e escolher alimentos naturais em vez de ultraprocessados são fundamentais. “Com a adoção dessas práticas saudáveis é possível reduzir o risco de câncer renal e prevenir outras doenças”, orienta a oncologista. Além disso, medidas preventivas são essenciais. Uma delas é realizar check-ups médicos regularmente, pois a detecção precoce aumenta as chances de um tratamento eficaz e pode salvar vidas.
