Os probióticos são organismos comensais que exercem efeitos benéficos para a saúde dos hospedeiros quando ingeridos em quantidade suficiente. Assim, podem aumentar a proteção oferecida pela microbiota comensal por meio de interações competitivas, antagonismo direto de patógenos e/ou produção de fatores antimicrobianos. Uma das ações benéficas dos probióticos amplamente comprovada cientificamente é em relação ao controle e prevenção da diarreia, especialmente na infância.
A diarreia aguda ainda é um grande desafio de saúde pública, especialmente nos países em desenvolvimento. Portanto, há uma necessidade de implementação de estratégias alternativas para a prevenção da diarreia aguda. Entre as estratégias estão o uso profilático de zinco e de probióticos. Por isso, cientistas do Instituto Nacional de Cólera e Doenças Entéricas localizado em Calcutá, na Índia, examinaram o papel do probiótico Lactobacillus casei Shirota para controle da diarreia aguda.
Estudo
Um estudo de campo duplo-cego, randomizado e controlado envolveu 3.758 crianças de 1 a 5 anos de uma comunidade urbana em Calcutá. Crianças elegíveis foram inscritas com consentimento dos pais, por meio de um censo demográfico realizado no início do estudo. O censo foi usado para definir 100 grupos geográficos contíguos que serviam como unidade de randomização.
“Cerca de 40 crianças foram incluídas em cada grupo, que foram randomizados em uma proporção de 1:1 de braços de estudo e controle”, detalham os autores. Quatro códigos foram usados (dois códigos para cada agente) para fortalecer o efeito cego para a randomização de cluster.
Os participantes receberam uma bebida probiótica contendo a cepa Lactobacillus casei Shirota ou uma bebida nutritiva (controle) diariamente, por 12 semanas. No entanto, as crianças foram acompanhadas por mais 12 semanas. “O desfecho primário deste estudo foi a ocorrência de primeiros episódios de diarreia. Avaliamos as crianças por 12 semanas de ingestão do agente de estudo e também durante 12 semanas de acompanhamento”, detalham os cientistas.
Resultados
De acordo com os autores, durante o período de estudo de 24 semanas, 608 crianças apresentaram diarreia (0,88 casos/criança por ano) no grupo probiótico e 674 crianças tiveram diarreia (1.029 casos/criança por ano) no grupo de nutrientes. Assim, o resultado mostrou um nível de eficácia protetora probiótica de 14%. “A ocorrência reduzida de diarreia aguda no grupo probiótico em comparação com o grupo de nutrientes não foi associada a nenhuma etiologia específica”, afirmam.
Além disso, nenhum evento adverso foi observado em crianças de grupos probióticos ou nutricionais. Segundo os cientistas, o estudo sugere que a ingestão diária de uma bebida probiótica pode desempenhar um papel na prevenção da diarreia aguda em crianças pequenas em um ambiente comunitário de um país em desenvolvimento. O estudo ‘Role of probiotic in preventing acute diarrhea in children: a community-based, randomized, double-blind placebo-controlled field trial in an urban slum’ foi publicado na revista científica Epidemiology & Infection em 2011.
